Nyum! Quanto tempo eu não pooosto! :X Que bad... enfim... vou postar uma historinha que escrevi, principalmente, durante a aulda de matemática. Hope you like it.
E as borboletas parecem nunca retornar. Deitada naquele quarto que não era meu, que não tinha o mesmo calor nem o mesmo cheiro, eu me sentia enjoada. Talvez fosse aquele cheiro, uma mistura horrível de toda as pessoas que passarm ali e dormiram naqueles lençóis e usaram aquelas toalhas. Talvez fosse apenas as lembranças torturantes de semanas atrás. Talvez fosse o cheiro de sangue que ainda parecia grudado em minhas narinas como se estivesse fundido com elas, como se eu tivesse nascido com ele. Era tudo isso junto, a memória tão real que transportava-me para aquele lar perfeito, agora destruído, cada segundo sozinha provocando em mim a reação física de uma mente já despedaçada, como devem estar as flores do jardim de mamãe. Mamãe, que saudade...nesse quarto estranho com esses cheiros horríveis, quase não sinto mais seu cheiro. Não queria esquecer aquele cheiro, aquela marca concreta de que o amor existia. Leves batidas salvadoras na porta me impediram de afundar de vez naquela água turva de minhas dores. Autorizei a entrada. O estranho, de algum lugar do quarto, estranho que nem ele, acendeu a luz. A claridade me cegou e agradeci a Deus por não ver aquele lugar de imediato. Em algum canto, o estranho pigarreou baixo e soltou um cumprimento impessoal que penetrou minha pele como milhões de facas, fazendo-me encolher de dor, desejando que as facas existissem, ansiando febrilmente a aproximação do fim. Desespero. Era isso que fazia minha bile se agitar, subindo até a garganta. Tudo ali tinha cheiro de desespero. De algum lugar do quarto vinham gritos banhados à lágrimas. Demorei intermináveis segundos para descobrir minha rouquidão. Via em minha mãos embaçadas longos fios de cabelos loiros. Minha mãe era loura. Ouvi vozes fúnebres. "Me culpem!" eu gritava, sem emitir som algum. "Me culpem e me façam sofrer como minha família sofreu! Eu mereço! Eu imploro! Só me deixem ser castigada!" As vozes funestas não pareciam se alterar e sequer dirigiam-se a mim. Vi uma moça de branco se aproximar. Uma picada. Estava de volta à minha casa. Lá estava! O cheiro perfeito, a casa perfeita, a família perfeita! Cada milímetro cúbico daquela ilusão parecia injetar ainda mais culpa em mim. De onde estava, podia ver minha mãe regando seu jardim com a mangueira. De onde a outra eu estava - a eu de minha memória - ela seria incapaz de ver meu pai. Tentei alertá-la, gritei com todas as minhas forças. Nada. Dois segundos de gritos silenciosos e já era tarde demais. Mamãe não vira nem ouvra nada. Agora ambos estão mortos. Como uma menina de quatorze anos como eu poderia saber os motivos dele? Agora ambos estão mortos. É tão errado assim sorrir, vestir o que quiser, namorar? Agora ambos estão mortos. Mortos. Se eu soubesse como era a morte, me dobraria de medo ao pensar nela. Não daria risada, como se fosse banal. Morte é agonia. A pior de todas. Aquela agonia escura e fétida, que penetra sua pele e corrompe cada célula do seu ser. Queria do fundo de meu coração adolescente que a morte fosse paz, como sempre me disseram, mas mamãe não estava em paz quado morreu. Parado onde estava, fechei os olhos. Não precisava segui-los para saber o que aconteceria. Eu mesma era capaz de sentir. O sofrimento inundando meu ser, a violação dolorosa de minha inocência. A dor de milhões de facas novamente em minha pele. Queria ter morrido antes de mamãe chegar. Se soubesse, teria gritado. Acordei novamente naquele quarto agora estranhamente familiar. As paredes giravam. Não conseguia me mover. A bile novamente subia pelo meu esôfago. Engoli seco. Implorei pela chegada da morte. Ninguém me atendeu. Fechei meus olhos com força. Me concentrei no cheiro de mamãe. Imaginei um final feliz. Um final onde papai não faria aquela coisa. Onde eu não encontraria um revólver no criado-mudo. Onde eu não atiraria na mamãe. Onde eu não veria papai atirando em si mesmo. Onde eu não acabaria nesse quarto estranho. Acabar. Que palavra bonita. Borboletas brancas invadiram meu ser. Sorri.
É isso. Ja ne! o/
by Mikami-Hime*~
às 6:52 PM
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